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sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Sugestão de leitura pro fim de semana: A maçã no escuro (Clarisse Lispector)



Olá caros leitores!!!!! nesta sexta feira quente (com promessa de chuva mais tarde) apresento uma sugestão de leitura agradável pro fim de semana. Portanto, edifiquem seu cognitivo com boa leitura! 

O universo literal que Clarisse se insere me deixa até tímido pra elaborar uma pequena crítica, mas vamos lá!!!

A princípio, se há livros que abordam e aprofundam bem o existencialismo sob a forma de romance, este é O LIVRO!!. Sou um fã incondicional do Vergilio Ferreira que aborda muito bem o tema nos seus romances, mas a Clarice é um colosso, sinto até que ofusca Vergilio Ferreira (não quero ser pretensioso - foi apenas a forma como eu o senti, ambos os escritores são grandes e qualquer comparação é injusta) 

A Maçã No Escuro é uma história sobre um homem, que, farto da sua vida e do seu papel na sociedade, resolve recriar-se a si próprio a partir do nada. Para atingir esse objetivo, e para ter certeza que não pode voltar atrás, uma vez que essa mesma sociedade já não o aceitará, mata a mulher... e foge para o campo, anda a vaguear, começando a re-construir   (interiormente) o seu ser, através da sua interacção com a natureza. Vai passando por diversas etapas, chegando a várias conclusões. O encadeamento dos seus pensamentos e raciocinios não nos deixa largar o livro. Em determinado ponto, chega a uma quinta, onde vivem duas mulheres (além de outras pessoas). Uma delas tem medo da morte, pois tem medo do mundo dos espiritos que pensa vir a encontrar, não da morte em si, e outra tem medo da vida, pois vivia segundo determinados moldes e um dia, sentindo-se mais livre, tentou procurar-se a si própria, assustou-se com o que encontrou, e voltou à sua carapaça. Os diálogos entre o homem e as duas mulheres são.... nem tenho palavras, verdadeira parada de perguntas e respostas à volta de questões existenciais. 

Pelo meio, há uma passagem que eu não consegui esquecer. Em determinado ponto da sua busca interior, o homem, todo contente porque já tinha chegado a algumas boas conclusões, 
resolve que deve escrever para fixar as ideias e as conclusões a que chegou... mas, mal tenta começar, realiza que se começa a escrever está já a distorcer o seu pensamento... e seguem-se 6 páginas numa brutal discussão interior à volta desse tema - escrever é detrupar o pensamento impondo-lhe barreiras. 

A existência é como apalpar uma maçã no escuro - sentimos que é uma maçã, mas não podemos vê-la 

E o final do livro é abissal... claro, isto não devo contar...

Ótimo fim de semana a todos!!!

Thy