Olá caros leitores!!!!! nesta sexta feira quente (com promessa de chuva mais tarde) apresento uma sugestão de leitura agradável pro fim de semana. Portanto, edifiquem seu cognitivo com boa leitura!
O universo literal que Clarisse se insere me deixa até tímido pra elaborar uma pequena crítica, mas vamos lá!!!
A princípio, se há livros que abordam e aprofundam bem o existencialismo sob a forma de romance, este é O LIVRO!!. Sou um fã incondicional do Vergilio Ferreira que aborda muito bem o tema nos seus romances, mas a Clarice é um colosso, sinto até que ofusca Vergilio Ferreira (não quero ser pretensioso - foi apenas a forma como eu o senti, ambos os escritores são grandes e qualquer comparação é injusta)
A Maçã No Escuro é uma história sobre um homem, que, farto da sua vida e do seu papel na sociedade, resolve recriar-se a si próprio a partir do nada. Para atingir esse objetivo, e para ter certeza que não pode voltar atrás, uma vez que essa mesma sociedade já não o aceitará, mata a mulher... e foge para o campo, anda a vaguear, começando a re-construir (interiormente) o seu ser, através da sua interacção com a natureza. Vai passando por diversas etapas, chegando a várias conclusões. O encadeamento dos seus pensamentos e raciocinios não nos deixa largar o livro. Em determinado ponto, chega a uma quinta, onde vivem duas mulheres (além de outras pessoas). Uma delas tem medo da morte, pois tem medo do mundo dos espiritos que pensa vir a encontrar, não da morte em si, e outra tem medo da vida, pois vivia segundo determinados moldes e um dia, sentindo-se mais livre, tentou procurar-se a si própria, assustou-se com o que encontrou, e voltou à sua carapaça. Os diálogos entre o homem e as duas mulheres são.... nem tenho palavras, verdadeira parada de perguntas e respostas à volta de questões existenciais.
Pelo meio, há uma passagem que eu não consegui esquecer. Em determinado ponto da sua busca interior, o homem, todo contente porque já tinha chegado a algumas boas conclusões,
resolve que deve escrever para fixar as ideias e as conclusões a que chegou... mas, mal tenta começar, realiza que se começa a escrever está já a distorcer o seu pensamento... e seguem-se 6 páginas numa brutal discussão interior à volta desse tema - escrever é detrupar o pensamento impondo-lhe barreiras.
A existência é como apalpar uma maçã no escuro - sentimos que é uma maçã, mas não podemos vê-la
E o final do livro é abissal... claro, isto não devo contar...
Ótimo fim de semana a todos!!!
Thy