Boa
tarde caros amigos!
Quando
pensei em estudar um pouco do cinema nacional, lembrei de um artista que nunca
foi levado a sério nos meios intelectuais do Brasil. Muitos jamais aceitaram
que personagens sem cultura pudessem fazer tanto sucesso.
Ele
venceu junto ao povo, mesmo com a pobreza técnica do cinema nacional, a
inexistência de especialistas e a falta de recursos. Nesse contexto é que se
agiganta a figura de Amancio Mazzaropi que, com muita identificação com o povo
foi capaz de superar a crise no cinema nacional, com grandes sucessos de
bilheria.
Mazzaropi
deu vida a um dos maiores sucessos de Monteiro Lobato, a personagem Jeca Tatu,
através da qual denunciava a situação crítica em que vivia o nosso homem do
interior com íntima ligação com a propaganda do Biotônico Fontoura, criada por
Monteiro Lobato. O caboclo vivia em um
casebre com sua família fraca e triste, em uma situação de abandono pela saúde
pública. Não tinha comida com "sustança", não tinha higiene, não
tinha forças para trabalhar. Quem o via
rotulava, como grande preguiçoso, coisa que Monteiro Lobato rebatia: ele
não é assim, ele está assim.
"Publicado
pelo Laboratório Fontoura nas primeiras décadas do século XX, o almanaque
ensinava em linguagem simples o ciclo do parasita que causava o amarelão, como
evitar o contágio e manter a saúde. Com o Jeca Tatu, temos a crítica impiedosa
do jovem fazendeiro contra a indolência do caipira; já o Jeca Tatuzinho é visto
pela ótica compreensiva do escritor maduro que revê a personagem como vítima da
subnutrição e das endemias que assolavam a saúde do brasileiro. E um ano antes
da morte do autor, chegamos à declaração de luta entre o latifundiário Tatuíra
e o Zé Brasil. Trata-se, agora, de uma criação integrada em um novo contexto
econômico e político, o "da propriedade da terra, da questão rural, da
política agrária, das organizações de esquerda".
E
o que Mazzaropi tem com isso?
Nascido a 9 de abril de 1912, Amácio
Mazzaropi, imortalizou o personagem Jeca Tatu no filme do mesmo nome (uma
adaptação do conto Jeca Tatuzinho de Monteiro Lobato ), em 1959.
Não
há muito material disponível para homenagear o Mazzaropi. Mas é suficiente para
homenagear e lembrar o tão esnobado artista. A música de fundo desta
apresentação é uma toada que foi sucesso na primeira metade do século XX e que
ajudou a criar a imagem do caipira paulista que Mazzaropi aproveitou em seus
filmes. A música reflete a tristeza e a poesia do povo do campo, simples,
pobre, que não conhece quase nada do que, para os que moram na cidade grande, é
natural.
"O
filme Tristeza do Jeca, o próprio Mazzaropi produziu e interpretou sob a
direção de Milton Amaral, em 1961. A obra de Mazzaropi tem sido revista pelos
críticos. Com a total aprovação do povo que lotava seus filmes, ele não necessitava
de críticos. Mazzaropi é como Monteiro Lobato: sua obra fala por si mesmo, é um
monumento à nossa brasileirice, ou à nossa caipirice. Porém sua obra é colocada
de lado nos livros, longe da memória do povo, como tantas coisas boas neste
país. O caipira de Monteiro Lobato tinha uma função didática. Mazzaropi
acrescentou a ele o seu modo espontâneo e engraçado de falar de assuntos
sérios, mais os clichês do homem do campo - o caipira do sudeste - o homem
simples, conformado, valente se necessário e sempre honesto."
Ótimo
Sábado a todos!
Thy